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Imersas em um universo repleto de sons, aromas, texturas e imagens, as crianças, desde muito pequenas, já se mostram dispostas a explorar, tocar, puxar, experimentar tudo à sua volta, utilizando como principal via de aprendizagem, o seu corpo.

Essa é a fase da descoberta, que o incentivo ao desenvolvimento da leitura deve ser realizado. Para a criança, tudo é novidade e onde a evolução das sinapses neurais acontece a uma velocidade incrível, especialmente a partir dos estímulos decorrentes das interações com as pessoas com as quais convive. 

E é desse período de desenvolvimento contínuo que agrega processos biológicos e emocionais essenciais para sua formação.

Logo, a casa e o meio familiar já não trazem os desafios necessários para o seu crescimento e é chegada a hora de ir para a escola, momento de descobrir um mundo novo, cheio de informações.

É onde inicialmente eles sentem-se inseguros, mas também onde fazem amigos, interagem com seus pares e com outros adultos, onde brincam, ampliam suas habilidades motoras, se comunicam, trocam experiências, ensinam e aprendem muito, todos os dias e o tempo todo! 

À partir de sua entrada na escola, a criança, com sua curiosidade genuína, busca observar e investigar uma série de símbolos, atribuindo-lhes significados. Imagens, letras, números, placas, ícones digitais, suportes textuais diversos, fazem parte do cotidiano dos nossos pequenos e compõem o mundo letrado do qual fazem parte desde o seu nascimento.

Esse interesse em descobrir o “novo”, viabiliza que nossos estudantes se aproximem da leitura e da escrita, mesmo que ainda não sejam alfabetizados, brincando com os sons das palavras; manuseando todo tipo de material escrito, como revistas, jornais, textos impressos; contando histórias a partir de imagens; divertindo-se com as adivinhas e parlendas; seguindo receitas culinárias; completando cruzadinhas e registrando suas hipóteses de escrita que apresentam avanços a cada dia ou até mesmo acompanhando a escrita de cantigas que já conhecem de memória.

Essa fase, é marcada pela expectativa dos pais que querem saber quando seus filhos começarão a ler e escrever de forma convencional, mas traz também um marco de crescimento inigualável, a tão esperada, alfabetização.

Segundo estudiosos como Magda Soares, “alfabetizar é o processo pelo qual a pessoa adquire o domínio de um código, tornando-se capaz de utilizar a leitura e a escrita para se comunicar, aperfeiçoando-as à medida que avança em sua escolarização”.

Em consonância, o letramento vai muito além das habilidades básicas de ler e escrever, pois se refere ao uso das mesmas nas diversas situações do cotidiano. 

Nessa perspectiva, não podemos desatrelar a alfabetização e o letramento, processos distintos, mas indissociáveis pelos quais a criança passa em toda sua vida, dentro e fora da escola.

Atualmente, no processo do desenvolvimento da leitura, isso é tão relevante quanto conhecer os mecanismos do sistema de escrita, é se
envolver em práticas sociais letradas. 

Assim, na escola, mais importante do que trabalhar com letras e palavras, é trazer para o cotidiano das crianças textos significativos, possibilitando o contato com diferentes gêneros e portadores textuais para que possam distingui-los, conhecer sua estrutura, bem como perceber a sua funcionalidade.

Paulo Freire defendia a concepção de que o ser humano aprende a ler o mundo bem antes de aprender a ler e escrever.  Em concordância, Vigotsky afirmava que o que se deve fazer, é aproximar as crianças da linguagem escrita, e não apenas da escrita das letras. 

Na verdade, a alfabetização e o letramento estão intrinsecamente ligados à formação de leitores que não apenas decodificam o que leem, mas que deem sentido ao ato de ler, estabelecendo relações e emocionando-se com as histórias, fazendo dos livros fontes inesgotáveis de informação e deleite, inserindo-se no contexto de cada conto como parte dele, incorporando a essência de cada personagem, viajando em um mundo mágico e repleto de conhecimentos. 

Afinal, ler é um convite a um mundo novo!

 

Artigo escrito por:
Rose Curvelo
Coordenadora da Educação Infantil do Colégio Villa Campus de Educação.

Graduada em Letras Vernáculas (UCSAL), com Especialização em Coordenação Pedagógica e MBA em Gestão Estratégica Educacional ambos pela UNIFACS. Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental desde 2006, com experiência em Supervisão Pedagógica e Administrativa, e 19 anos de docência em sala de aula. Atualmente, é Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil do Villa Campus de Educação.

 

Referências:

VYGOTSKY. L.S. Formação social da mente. Martins Fontes. São Paulo. 2007 

FERREIRO Emília. Alfabetização em Processo. Tradução de Marisa do Nascimento Paro e Sara Cunha Lima. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2001,136 p.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. 

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2011.

__________ “Alfabetização e cultura escrita”, Entrevista concedida à Denise Pellegrini In Nova Escola – A revista do Professor. São Paulo, Abril, maio/2003, pp. 27 – 30.

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