BILINGUISMO: FATOS E MITOS - Ser Mais
A primeira ideia que vem à mente da maioria das pessoas, quando ouve falar sobre Bilin- guismo, é: aprender outra língua! Entretanto, será que aprender uma segunda língua é mesmo o principal objetivo de uma Educação Bilíngue? Pensando nesse e em outros questionamentos que surgem naturalmente quando se fala sobre Bilinguismo, o Villa
Campus de Educação compartilha com a sociedade baiana as conclusões dos estudos mais recentes relacionados a esse tema.
Não há dúvidas de que ser proficiente em duas línguas resulta em benefícios práticos, como mobilidade, no mundo cada vez mais globalizado em que vivemos. No entanto, o primeiro paradigma que precisa ser quebrado é que seja esta a intenção fundamental do Bilinguismo. Numa verdadeira educação bilíngue, em que o idioma é usado como meio de instrução para as áreas curriculares, a aquisição da segunda língua é uma consequên- cia. Segundo os estudos mais recentes da Neurociência, o Bilinguismo potencializa a inte- ligência, estimulando um maior e mais variado número de sinapses cerebrais que contri- buem fortemente com o desenvolvimento dos estudantes e com a flexibilidade no modo
de pensar. Os alunos bilíngues têm apresentado desempenho superior nas medidas de criatividade verbal e figurativa e de inteligência quando comparados a alunos monolín- gues. Isso se dá devido à Neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de mudar em função do resultado de uma experiência. Experiências intensas levam a mudanças na estrutura do cérebro. O Bilinguismo é uma das experiências mais intensas que o cérebro pode ter, portanto, tem um impacto significativo na estrutura do cérebro e nas habilida- des cognitivas.
Os estudos também mostram que cérebros bilíngues desenvolvem o sistema executivo de modo singular. Esse sistema cerebral é responsável por atividades, como planejamen- to e organização, flexibilidade cognitiva, automonitoramento, resolução de problemas, adequação social do comportamento, tomada de decisão, motivação, controle das emo- ções e concentração.
Um dos estudos que apoiam essas constatações foi realizado em 2003, pelo departamen- to de Psicologia da niversidade de York, em Toronto. Concluiu-se que FOCO é uma grande vantagem do cérebro bilíngue. Essa competência permite que indivíduos bilín- gues bloqueiem informações irrelevantes e passem de uma tarefa para outra sem ficarem confusos. Toda essa ginástica mental também ajuda o cérebro a resistir aos efeitos da velhice. Há evidências de que tais exercícios cerebrais criam uma reserva cognitiva que protege a mente da deterioração acentuada pela idade. No entanto, apesar dos benefí- cios evidenciados, muitas famílias têm o receio de que o trabalho em casa e na escola com dois ou mais idiomas atrapalhe o entendimento da criança na língua nativa. Apesar do codeswitching (alternância entre idiomas) ser uma realidade no processo de formação bilíngue, esse fenômeno não é indicativo de deficiência em um dos idiomas em questão, e sim o sinal de que o indivíduo pode circular entre códigos linguísticos diferentes. Com o tempo, essa alternância entre idiomas deixa de acontecer naturalmente.
Ao longo desse processo, mesmo as famílias que não dominam a segunda língua têm muito a contribuir. Uma das maneiras é incentivar a leitura e aumentar o contato da criança com a segunda língua, através de filmes, vídeos e úsicas. Além disso, é impor- tante evidenciar, no dia a dia, a utilidade de ser proficiente numa segunda língua, pois, quando isso se torna significativo para a criança, sua motivação para aprender aumenta.
Outra maneira de tornar a Educação Bilíngue significativa para o estudante é promover a diversidade cultural no ambiente familiar, visto que língua é cultura. Entretanto, não é recomendável que pais que não tenham a proficiência na segunda língua façam interven- ções no processo. As crianças apresentam a tendência natural de imitar seus modelos, por isso, as chances delas replicarem os erros de estrutura e pronúncia cometidos pelos adultos ao seu redor são altas.
A Educação Bilíngue é uma das mais importantes modalidades de formação de nossas crianças e jovens da atualidade. Por isso, quanto mais cedo a exposição ao bilinguismo, melhores serão os resultados.
Thais Cocchiaro Pasini Coordenadora do Programa Bilíngue do Villa Campus de Educação. Certificada em Bilin- guismo e Aquisição de Inglês como segunda língua. Experiência de 5 anos em Programas Bilíngues.